Com o desenvolvimento do povoado, outras atividades econômicas surgiram diversificando a produção local. Algum pioneiro montou uma olaria e utilizou o barro propício para a fabricação de telhas do tipo capa e bica, moldadas artesanalmente nas coxas por escravos. Ao mesmo tempo o local que as produzia era denominado de olaria de telha ou olaria de teia. Daí, o motivo da denominação do povoado. Pressupõe-se que os viajantes utilizavam expressões tais como vamos descansar na olaria ou os habitantes da região expressões como vamos na olaria, pois o local contava com ranchos para descanso, capela, cemitério e comércio de produtos variados. Assim, o topônimo OLARIA passa a denominar, no início do século XIX, este nascente povoado do então Município de Barbacena.
As obrigações religiosas do povo da região circunvizinha ao povoado eram cumpridas na capela de Nossa Senhora do Rosário. Porém, naquela época, a fé da gente simples e a sede de poder de alguns transformavam qualquer acontecimento em milagre, num processo que ocorreu em muitas cidades e lugares de Minas Gerais, inclusive no pequeno povoado da Olaria. O fato iniciou com o desaparecimento de um escravo chamado Isidoro da Fazenda Passa Tempo, do Coronel João Caetano Rodrigues. O escravo era querido na fazenda e a esposa do Coronel Rodrigues, Sinhá Umbelina Josefhina da Cunha, pedia ao santo de sua devoção a volta do escravo. Ela rezava terços pedindo a intercessão de Santo Antônio. Num certo dia o escravo reapareceu e lhe contou uma história que causou espanto a todos e logo foi transformada em milagre pelo povo da região. Conta a história lendária que depois da fuga, vagando pela mata virgem, o escravo Isidoro ficou dias seguidos comendo o que encontrava, até que lhe apareceu um homem misterioso, trajando veste escura e cordão amarrado à cintura. O homem lhe falou de Deus e também lhe mostrou o caminho de volta para a casa de seus senhores. O escravo retornou para a fazenda e a história foi considerada uma aparição de Santo Antônio, que ficou conhecido na região como o Santo Antônio da Olaria. Diante da suposta aparição, Sinhá Umbelina fez promessa de mandar construir uma capela em homenagem ao santo e de providenciar uma imagem, que logo foi conseguida na Diocese de Mariana. O templo em homenagem a Santo Antônio foi construído a partir de 1869 e inaugurado em 1872, sendo elevado, devido ao porte do povoado, à categoria de Matriz.
Com o crescimento do povoado, a Lei Provincial n° 1807 do ano de 1872 criou o Distrito de Santo Antônio da Olaria, que foi desmembrado do município de Barbacena e incorporado ao município de Rio Preto. No ano de 1887, a Lei Provincial n° 3442, transfere quase metade do Distrito de Santo Antônio da Olaria para o recém criado Município de Lima Duarte. O restante do território do Distrito de Santo Antônio da Olaria, incluindo sua Sede, continuou a pertencer ao município de Rio Preto até o ano de 1923, quando a Lei Estadual n° 843 o transfere para o município de Lima Duarte.
No ano de 1938, a Lei Estadual n° 148 reduz a denominação do Distrito apenas para Olaria.
Olaria pertenceu ao município de Lima Duarte até 30 de dezembro de 1962, quando a Lei Estadual n° 2764 o torna independente, sendo a municipalidade instalada oficial e solenemente em 01 de março de 1963.
O Município de Olaria situa-se no extremo sul da Zona da Mata Mineira, à 80 km de Juiz de Fora. É cortado no sentido norte/sul pela BR 267, o que muito contribui para o acesso e o deslocamento de pessoas e mercadorias. Sua economia, no início, se baseou na mineração do ouro de aluvião, que logo foi sendo substituída pela pecuária leiteira e de corte, o que permanece até hoje.
É predominantemente montanhoso, acidentado pela Serra da Mantiqueira, observando-se serras menores como a Serra das Voltas, a Serra do Cruz, a Serra Negra e a Serra das Flores, lugares de natureza exuberante, com suas montanhas, campos e cachoeiras. É cortado pelos rios do Peixe, São João e Pari. Compõe-se de povoados como São Sebastião da Vista Alegre, São João, São Joaquim, Vila Tomé, São Francisco do Prata, Grotinha, Pombal, Sumidouro, Boa Vista, Criciúma, Serra Negra, Cachoeira do Pão dAngu e Rosa Gomes, lugares onde ocorre festas religiosas típicas.
É terra natal do jornalista Jesus de Oliveira, criador e editor de O Lynce, citada entre as primeiras revistas brasileiras.
Pesquisa e texto: Elcio Moreira de Paula Historiador
Fonte: IBGE