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12/11/2015 17h33, atualizado em 12/11/2015 10h26 12/11/2015 17h33 Curitiba - PR

Unidades de saúde superam dificuldades de comunicação para atender haitianos

Assessoria de Comunicação
Prefeitura de Curitiba (PR)
Foto: Divulgação' . Foto: Divulgação'

O que há três anos era novidade agora é rotina. Nas unidades de saúde de Curitiba, a presença de imigrantes haitianos em busca de atendimento já não surpreende os profissionais – e a dificuldade inicial de comunicação vem sendo aos poucos superada com criatividade, dedicação, sensibilidade e boas ideias. Na unidade de saúde Waldemar Monastier, no bairro Boqueirão, um aplicativo para celular foi a solução encontrada para facilitar a comunicação com os haitianos. Agentes comunitárias que trabalham na região estimam que há cerca de 90 haitianos vivendo na área de abrangência da unidade. Muitos deles ainda não falam fluentemente o Português. São, em geral, recém-chegados, e especialmente mulheres – maioria no grupo que domina apenas o idioma crioulo.. “No início, os gestos e desenhos eram a nossa ferramenta de trabalho”, conta a coordenadora da unidade de saúde, Tatiane de Oliveira Rosa. “Dores de dente, de barriga e de cabeça eram queixas frequentes e isso nos forçou a buscar outras formas de comunicação, como escrever em filipetas frases em espanhol e em francês. com a ajuda de dicionários”, conta ela. A auxiliar de enfermagem Kátia Massola Alves foi quem teve a curiosidade de buscar na internet mais informações sobre a cultura dos imigrantes haitianos. Ela tentou até aprender um pouco de crioulo, mas era preciso encontrar uma solução mais rápida para garantir o atendimento. E foi aí que o aplicativo de tradução passou a ser utilizado. “Tem ajudado bastante e facilita o nosso trabalho também”, diz Kátia. Ela escreve no celular a frase com a pergunta e o aplicativo faz a tradução. Então ela mostra a frase em crioulo para a paciente, que lê e escreve a resposta no aparelho. Graças ao tradutor do celular, servidores do SUS municipal conseguem obter mais informações das mulheres haitianas para investigar doenças e hábitos da família, bem como para orientar cuidados, recomendar e encaminhar procedimentos de tratamento ou prevenção em saúde da família. Mas a dificuldade delas de falar a língua portuguesa ainda é um empecilho, especialmente em relação às mulheres. Sem querer se identificar, uma haitiana atendida numa tarde de outubro na US Waldemar Monastier contou que os homens é que desempenham o papel de porta-vozes oficiais da comunidade. Além disso, disse ela, as mulheres evitam exposição e contato com pessoas de fora do grupo de imigrantes por conta da vergonha da situação e das dificuldades que enfrentam para sobreviver. O receio maior, segundo contou a haitiana – mãe de um menino recém-nascido, é de que fotos postadas em redes sociais possam denunciar o drama delas para os familiares que ficaram no Haiti. Para vencer essa resistência, as agentes comunitárias da unidade de saúde também promovem a busca ativa junto às famílias que se mudam para a região. Orientam sobre a localização, o cadastro e os serviços prestados na unidade básica. A equipe comemora as pequenas vitórias resultantes desse atendimento – como o nascimento da primeira brasileira filha de haitianos cuja mãe fez todo o acompanhamento do pré-natal na US Waldemar Monastier. “Já está com um ano e oito meses”, diz a agente comunitária de saúde Tânia Maria Cardoso. Cartilha Em Santa Felicidade, mais de 500 refugiados haitianos vivem nas proximidades da unidade básica de saúde Butiatuvinha. Assim como no Boqueirão, vencer as barreiras da comunicação é fundamental para assegurar os exames preventivos e as orientações sobre planejamento familiar, principalmente junto às mulheres, a cobertura vacinal das crianças e os cuidados de puericultura, como o acompanhamentos do desenvolvimento delas pela pesagem, medição de altura e perímetro encefálico. Sempre que os profissionais da unidade de saúde constatam necessidades de políticas sócioassistenciais, eles encaminham ou acionam os serviços da assistência social dos Cras e Creas. Noel Ka Val, de 32 anos, e Kenson Cambrone, de 26, vivem há quatro anos no Brasil e se comunicam bem na língua portuguesa. Mas concordam que um dos fatores que facilita bastante o atendimento na US Butiatuvinha é a presença da médica de família e psiquiatra Isabelle Marie Alves, de origem franco-brasileira. A médica conhece bem a história da colonização no Haiti e por isso sua compreensão da realidade dos dois rapazes que vieram da cidade de Gonaives vai além das barreiras do idioma. Ela sabe diferenciar quem tem mais facilidade de se comunicar na língua espanhola ou francesa, dependendo da região de onde veio ou do quanto a pessoa avançou nos estudos. Isabelle conta que a língua francesa é ensinada nas escolas do ensino médio no Haiti e que quem completou esses estudos lá, tem facilidade de se comunicar em francês, embora a mistura com o crioulo crie alguns bloqueios. Com o auxílio de uma cartilha de tradução do crioulo para o português produzida pelo governo federal, a unidade de saúde de Santa Felicidade procura constantemente reduzir as distâncias culturais e aprimorar o serviço prestado para esse público novo. “A gente busca na internet, pesquisa, faz o que pode para compreender as queixas e as necessidades e responder adequadamente, seja pelo atendimento básico, pela orientação dos encaminhamentos, seja para identificar e resolver o problema que trouxe a pessoa até a unidade de saúde”, explica a coordenadora da US Butituvinha, Danielle Tourinho Michelis. Na paróquia próxima também são ministrados cursos de português para facilitar a integração dos imigrantes com a comunidade e ajudar os haitianos a conseguirem trabalho e emprego na cidade. Esse é um dos principais problemas enfrentados pela comunidade de refugiados, e que tem envolvido várias áreas do serviço público municipal. A Secretaria Municipal da Educação, por exemplo, mantém desde 2013 o Projeto Haiti, que já certificou 120 haitianos em escrita e conversação em português. Ainda assim, muitos enfrentam dificuldades. “Quando chegamos, em 2011, a situação era diferente, estava mais fácil de se manter”, conta Kenson Cambrone, que é eletricista, pai e fala quatro idiomas. Olhar atento para as mulheres A enfermeira Raquel Nascimento, que acompanha a médica Isabelle Alves na equipe do Programa de Saúde da Família (PSF), e as agentes comunitárias da unidade, Elaine Maria de Andrade, Dalva de Oliveira Franco e Francis Barbosa de Castro – que estão sempre em contato com famílias de refugiados - são unânimes em defender uma maior integração das mulheres na comunidade. Isso passa por romper com o isolamento em que muitas vivem. A maioria só fala crioulo, independentemente do tempo em que vive no País. Com os homens, é diferente. “Quando um fala português, tem de ajudar os outros. Só assim se consegue melhorar a vida de todos”, diz Noel Ka Val. As profissionais da unidade de saúde relatam inúmeros exemplos de dificuldades que já enfrentaram para se comunicar com as mulheres imigrantes. ”Uma maior integração das mulheres e o domínio da língua por elas vai melhorar o atendimento em todas as áreas preventivas da saúde da mulher, o repasse de orientações do pré-natal, o planejamento familiar, o incentivo à amamentação, o combate às doenças sexualmente transmissíveis e até a garantia de direitos e benefícios assistenciais dos governos que podem ser acessados pelo grupo todo”, argumenta a médica Isabelle.

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